quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Como jogar Buzios aprenda um pouco aqui



Queridos irmãos, o jogo de búzios  tem que ser jogado primeiramente por um sacerdote com autorização dos Orixás  mas por curiosidade vamos conhecer um pouco sobre este maravilhoso instrumento de mensagens.

Conhecemos o jogo de búzios de origem africana, popularizado no Brasil pelos cultos de Orixá.
Será que existe um sistema tipicamente brasileiro, que os irmãos e irmãs de Umbanda podem utilizar?
Sim.
A Concha de Caboclo é uma for ma tradicional de geomancia, utiliza da por alguns mestres adivinhos da Umbanda e da Jurema (ou Catimbó) do Norte e Nordeste.
O antigo Catimbó não possuía um sistema adivinhatório, mas alguns sacerdotes e babalawos que foram inicia dos no culto, sabiamente desenvolveram o sistema da “Concha de Caboclo” sob a direção das entidades espirituais da mata.
Nasceu então um sistema de doze búzios, onde respondem doze entidades de origem indígena (Caboclos), de modo semelhante ao merindilogum yorubano onde falam os Orixás.
O oráculo possui treze significados (12 + 01), segundo as quedas das conchas e suas respectivas oferendas

LEITURA BÁSICA DAS CONCHAS E OFERENDAS RECOMENDADAS
(As leituras aqui apresentadas são apenas informativas e não mostram a totalidade deste rico sistema).
01 – Uma concha aberta:
(ou seja, a concha está com a parte serrilhada pa­ra cima ou boca do búzio): fala o Caboclo Gira-Mundo.
Uma situação de perigo avizinha-se. Evitar pessoas falsas e amigos fingidos. Possibilidade de trabalhos de feitiço feitos ao consulente.
Oferenda: passar um ovo pelo corpo e depois untá-lo com mel de abelha, deixando-o na mata. Quando fizer a oferenda, acender duas velas brancas.
02 – Duas conchas abertas:
Caboclo Pena Branca.
Muita proteção e desembaraço das situações amarradas no passado. Vitó ria nos negócios ou melhora nas situações que envolvem a saúde.
Oferenda: flores brancas e mel de abelha devem ser entregues na mata.
03 – Três conchas abertas:
Caboclo Sultão da Matas.
Possibilidade de problemas com a justiça e perseguições.
Oferenda: um charuto, uma garrafa de mel e outra de vinho. Entrar na mata e chamar este caboclo, ofertando os elementos acima.
04 – Quatro conchas abertas:
Cabocla Jupira.
Sendo mulher a consulente: requer cuidados e atenção com os intestinos ou problemas digestivos. Sendo homem, tomar cuidado com bebidas alcoólicas e problemas estomacais. Atenção na alimentação.
Oferenda: fazer um doce de bana na com mel, colocar num alguidar de barro, enfeitar com penas e despachar ao lado de um rio dentro da mata. Junto ao alguidar, acender sete velas verdes.
05 – Cinco conchas abertas:
Caboclo Ubiratan.
Cuidar da saúde com mais regula ri da de. Atenção principalmente com doenças do sangue e problemas de pele.
Oferenda: tomar um banho com as seguintes ervas: gitirana, melão-de-são-caetano e junça. Cozinhar tudo e banhar-se três dias seguidos. No último dia apanhar o bagaço das ervas e despachar na mata, junto com uma garrafa de mel.
06 – Seis conchas abertas:
Caboclo ARARIGBÓIA
Prestar atenção, pois o consulente pode estar sendo enfeitiçado. Inconstância em em pregos e atividades remuneradas, negócios e relacionamentos. O consulente fez mui tos inimigos. Vingança em andamento.
Oferenda: neste caso recomenda-se a intervenção dos senhores Mestres e Mestras da Jurema, que aconselharão a melhor medicina espiritual.
07 – Sete conchas abertas:
CABOCLA JUREMA
O consulente está sendo vítima de falsidades e deve manter-se em silêncio. Se souber algum segredo, deve calar-se totalmente. Uma surpresa, não agradável, pode ser esperada.
Oferenda: acender três velas brancas dentro de um prato branco, ao lado de um copo com água. Em outro prato, colocar flores brancas com mel e oferecer a essa cabocla na mata ou em casa.
08 – Oito conchas abertas:
Indio JACEGUAI
O consulente está sendo vítima de feitiço. Ter cuidado, pois pode cair em perigo.
Oferenda: Três ovos, mel de abelha, uma vela branca, flores brancas e uma garrafa de vinho tinto. Na mata, passar os ovos no corpo e deixar de baixo de uma grande árvore. Num prato branco, deixar os outros elementos, junto com a garrafa de vinho aberta.
09 – Nove conchas abertas:
CABOCLA UITACIRA
Problemas senti mentais não resolvi dos e desejo de um relacionamento feliz e harmonioso.
Oferenda: oferecer flores brancas e uma garrafa de mel de abelha a essa cabocla. Fazer isto numa mata e rezar para obter felicidade.
10 – Dez conchas abertas:
CABOCLA TUPIARA
Aviso de “flechada de índio” e espírito perturbando o consulente. A “flechada” é o mais terrível feitiço conhecido pelos pajés. Esta forma de magia é pouco conhecida nas grandes cidades, porém faz grandes estragos espirituais e materiais.
Oferenda: recomenda-se o trata mento urgente com Mestres e Mestras da Jurema numa sessão especial.
11 – Onze conchas abertas:
Caboclo Uitatiara.
Se esta caída aparecer três vezes, é aviso que o problema não deve ser resolvido com o oráculo. Consultar os senhores Mestres da Jurema numa sessão para uma limpeza espiritual.
12 – Doze conchas abertas:
CABOCLO GRANDE PAJÉ
Muitos problemas circundam a vida do consulente. Tomar cuidado com situações envolvendo a justiça, imóveis e comércio em geral.
Oferenda: tomar banho de limpeza com guiné, espada-de-são-jorge, arruda e alecrim.
Caindo 12 conchas fechadas:
o jogo deve ser suspenso e somente ser refeito três dias depois. Neste período, o consulente deve tomar um banho de limpeza com ervas.
Para uma pessoa trabalhar com o oráculo das Conchas de Caboclo, ele deve ser iniciada por um mestre do jogo, também chamado de “olhador”.
A iniciação possui vários ritos especiais, como a preparação de cada concha e as oferendas para os Caboclos e Caboclas que falam no oráculo.
O futuro iniciado também deve encontrar seu “Caboclo de Jogo”, que atua como uma espécie de mensageiro, abrindo as portas astrais do sistema.

Tudo isto é passado oralmente de mestre a discípulo, como fazem ainda nossos pajés.

* Autor irmão Edmundo Pelizari é Professor de Teologia, Sacerdote de Obea, Mestre de Jurema, iniciado em outras tradições afro-indígenas e Cabalista. Este texto foi escrito para o Jornal de Umbanda Sagrada de Maio de 2008.